A minha recente passagem por Vila Viçosa trouxe-me à memória um dos meus sonetos favoritos, desta poetisa que tanto admiro.
Vila Viçosa está, como sabem, repleta de história. Era lá que os nossos reis passavam férias. E, felizmente, os monumentos estão muito bem conservados.
No entanto, preservam uma parte da história e, literalmente, ignoram outra.
No posto de turismo havia alguns quadros de Florbela, alguns livros dela e o seu berço de bebé. Não havia sequer um panfleto sobre a vida e obra da poetisa. Perguntámos onde ficava a casa de Florbela e fomos informadas que a casa onde ela nasceu já tinha sido demolida e aquela onde viveu não estava em boas condições. Quisemos ir na mesma, pedimos a direcção e questionámos se tinha uma placa, questão à qual a rapariga nos respondeu que achava que sim, mas não tinha a certeza...
A casa está para lá de degradada, mas tinha uma placa ... que bom para a fotografia!! (Momento irónico)
Florbela Espanca merece uma casa-museu!!!
O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.
Porque o meu Reino fica para além...
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus!
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém!
O mundo? O que é o mundo, ó meu Amor?
- O jardim dos meus versos todo em flor...
A seara dos teus beijos, pão bendito...
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços...
- São teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito.