Espaço não sujeito a censura (só às vezes), assinado por quatro desvairadas, porque o que a distância separa o blog une...
quinta-feira, 22 de maio de 2008
Sophia
Porque são muitos os nossos escritores preferidos, e porque é importante homenagear os nossos autores portugueses. Eu gosto muito da Sophia... e poderiamos dizer "De tudo quanto leio me acrescento"
As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas Porém são capazes De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto" Assim nos foi imposto E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão".
Ó vendilhões do templo Ó construtores Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem.
Apesar das ruínas e da morte, Onde sempre acabou cada ilusão, A força dos meus sonhos é tão forte, Que de tudo nasce a exaltação E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca. Se os novos partem e ficam só os velhos e se do sangue as mãos trazem a marca se os fantasmas regressam e há homens de joelhos qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Apodreceu o sol dentro de nós apodreceu o vento em nossos braços. Porque há sombras na sombra dos teus passos há silêncios de morte em cada voz.
Ofélia-Pátria jaz branca de amor. Entre salgueiros passa flutuando. E anda Hamlet em nós por ela perguntando entre ser e não ser firmeza indecisão.
Até quando? Até quando?
Já de esperar se desespera. E o tempo foge e mais do que a esperança leva o puro ardor. Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje. Ah se não ser é submissão ser é revolta. Se a Dinamarca é para nós uma prisão e Elsenor se tornou a capital da dor ser é roubar à dor as próprias armas e com elas vencer estes fantasmas que andam à solta em Elsenor.
No post esqueci-me de mencionar que o dia 22 de Maio é/foi o dia do Autor Português daí a minha pequena homenagem a Sophia... complementada de forma brilhante pelas companheiras bloguistas :-)
7 comentários:
As pessoas sensíveis não são capazes
De matar galinhas
Porém são capazes
De comer galinhas
O dinheiro cheira a pobre e cheira
À roupa do seu corpo
Aquela roupa
Que depois da chuva secou sobre o corpo
Porque não tinham outra
O dinheiro cheira a pobre e cheira
A roupa
Que depois do suor não foi lavada
Porque não tinham outra
"Ganharás o pão com o suor do teu rosto"
Assim nos foi imposto
E não:
"Com o suor dos outros ganharás o pão".
Ó vendilhões do templo
Ó construtores
Das grandes estátuas balofas e pesadas
Ó cheios de devoção e de proveito
Perdoai-lhes Senhor
Porque eles sabem o que fazem.
A bela e pura palavra Poesia
Tanto pelos caminhos se arrastou
Que alta noite a encontrei perdida
Num bordel onde um morto a assassinou.
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.
Apesar das ruínas e da morte,
Onde sempre acabou cada ilusão,
A força dos meus sonhos é tão forte,
Que de tudo nasce a exaltação
E nunca as minhas mãos ficam vazias.
(eu sei que falávamos de Sophia, mas...)
Ser ou não ser
Qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Se os novos partem e ficam só os velhos
e se do sangue as mãos trazem a marca
se os fantasmas regressam e há homens de joelhos
qualquer coisa está podre no Reino da Dinamarca.
Apodreceu o sol dentro de nós
apodreceu o vento em nossos braços.
Porque há sombras na sombra dos teus passos
há silêncios de morte em cada voz.
Ofélia-Pátria jaz branca de amor.
Entre salgueiros passa flutuando.
E anda Hamlet em nós por ela perguntando
entre ser e não ser firmeza indecisão.
Até quando? Até quando?
Já de esperar se desespera. E o tempo foge
e mais do que a esperança leva o puro ardor.
Porque um só tempo é o nosso. E o tempo é hoje.
Ah se não ser é submissão ser é revolta.
Se a Dinamarca é para nós uma prisão
e Elsenor se tornou a capital da dor
ser é roubar à dor as próprias armas
e com elas vencer estes fantasmas
que andam à solta em Elsenor.
Manuel Alegre
No post esqueci-me de mencionar que o dia 22 de Maio é/foi o dia do Autor Português daí a minha pequena homenagem a Sophia... complementada de forma brilhante pelas companheiras bloguistas :-)
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