domingo, 19 de outubro de 2008

Era uma vez...

... ou melhor dizendo, foi uma certa vez que nos cruzamos quase por acaso.
Nada acontece por acaso disse ele...
Deste um ar de desinteressada, de uma altivez disfarçada. É certo que não foi por acaso que notei a tua presença, trazias no olhar um pedido mudo de ajuda, como te poderia ignorar? Voltaste a partir para regressar uma segunda e uma terceira vez.
Porque é que resistes? Pergunta ele...
Parecias faminta de tudo, faminta de afectos, faminta de atenção, faminta de um espaço. Envolvi-me. Deixei que entrasses num mundo que não era teu e do qual te foste apoderando, cativando quem nele habitava antes de ti. Conquista feita, permaneceste, foste ficando.
Gostas mais dela do que de mim, disse ele...
"Onde estás?" "Porque vais?" "Fica aqui... Anda comigo, quero-te dizer uma coisa, quero mostrar-te o que descobri para ti." "Ouves o que te digo?" "Agradeço-te por me deixares ficar contigo, percebes que é isso que te quero dizer?"
Permaneceste, foste ficando. Durante um ano, repetindo sem palavras todas estas perguntas e frases.
Alguma coisa não está bem, repara ele...
Não consegui controlar a tua ânsia de tudo, aventuraste-te fora do mundo que criei para ti. Volta, já te disse que para aí não podes ir. Não te prendo mas não queres que te magoes. Eu disse-te. Disse-te que ficasses e tu desta vez não me ouviste. O que te aconteceu? Voltei a ouvir o teu pedido mudo de ajuda, mas desta vez não te posso ajudar.
Tens de a deixar partir, disse ele....


Era uma vez... uma gatinha chamada Luizinha, nome de padrinhos Luís e Zinha. Era só uma gatinha disseram-me, mas não, para mim não era só uma gatinha era muito mais e esse mais não pode ser ententido por toda a gente. Foi atacada à uma semana por outro gato e ficou com uma ferida que foi aumentando e não fomos capazes de curar. Tive de ser eu a decidir a hora para ela morrer. E custou-me tanto, tanto...

4 comentários:

Teresa disse...

Pois, já conseguiste fazer-me chorar...Lamento mt pela tua perda, e entendo a tua dor. É uma história mt bonita mas irónica, o destino levou-a a ti e logo ta tirou. Fica a revolta e a pergunta: Porquê?? Força, miga, eu sei k custou, mas tinha mesmo k ser...

Ianita disse...

Eu gostei muito da tua forma de escrever. Não saberia que te referias à tua gatinha se não esclarecesses, no fim.

Lamento a tua perda, mas exalto a forma como descreveste o momento. Muito bom. :)

Força.

Estou de Dieta disse...

Enfim, a vida é injusta.... jinhos

Rony disse...

Sei tão bem o que sentes... Há um ano atrás também estava assim.

Traduziste a tua dor num conto lindíssimo, cheio de tristeza latente. A estrutura e a forma como te expressas é invulgar e surpreendente. Grande homenagem.

Força amiga. Abraço Grande :)